> Que frases?

   Na lápide do meu passado jazem cravados dois poemas. Ligeiramente esvanecidas, pela chuva encerrada nas lágrimas, pelo vento crescente nos imensos silêncios, pelo frio dos desafectos, pela tempestuosa caminhada, permanecem estas pequenas frases - grandiosas, delicadas, doces e ternas, intangíveis - para sempre… de dois poemas.

> Não te ouço!

   Sonho... Se algum dia te encontrares a meu lado, e eu perdido, lembra-te: posso estar ligeiramente adormecido. Olha bem para mim, grita-me ao ouvido a paixão que nos uniu. Até que fique surdo, até que esse grito de revolta penetre no meu sono profundo, me desperte do tédio dos dias, me rasgue a pele endurecida pela inércia, e ecoe pelo vôo dos sonhos. Bem alto, rasga o espaço e o tempo que nos afastou, com esse grito! E quando este se tornar mudo ao perder a força que o sustém, sussurra-me apenas, perto do meu peito, essa doce dor que nos uniu. Para que acorde, volte para ti… Para que voltemos a voar, os dois, no mesmo sonho em que nos encontrámos um dia.